sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Ministério do Meio Ambiente distribui 2,5 mil placas de sinalização a caminhos da RedeTrilhas

Placas serão distribuídas ao longo de quase dois mil quilômetros de percurso


Foto: Vosmar Rosa

    Com o objetivo de melhorar a sinalização das trilhas nacionais, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) distribuiu 2,5 mil placas de sinalização às trilhas aderidas à Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso (RedeTrilhas). A iniciativa, promovida pelo MMA, visa auxiliar na segurança dos visitantes, evitando que se percam, além disso irá contribuir com a preservação da natureza, evitando a criação de atalhos em áreas sensíveis.

    As placas serão distribuídas ao longo de quase 2 mil quilômetros de trilhas e incluem a Trilha Nacional Transmantiqueira (RJ/SP/MG), Caminhos de Cora Coralina (GO), Transcarioca (RJ), Sucupira (DF), Caminhos da Serra do Mar (RJ) e a dos Canyons (RS).

    Atualmente, seis Trilhas de Longo Curso fazem parte da Rede, e outras seis já estão em fase de adesão, sendo elas: Trilha CoróTur na Trilha das Cachoeiras (MG), Caminhos do Planalto Central (DF/GO), Caminhos do Peabiru (PR), Visgueiro (AL), Caminhos das Ararunas (PB) e Caminhos da Ibiapaba (CE/PI), o que significa um aumento de cerca de 2.500 km à RedeTrilhas.

    O Projeto RedeTrilhas faz parte do Programa PARQUE+, que tem como objetivo incentivar o ecoturismo em parques nacionais, entornos e trilhas que os conectam. As ações de estruturação das Trilhas de Longo Curso Nacional estimulam o ecoturismo nacional e são uma importante ferramenta de conservação da biodiversidade e conexão da população com o meio ambiente.

RedeTrilhas

    A Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso e Conectividade (RedeTrilhas) é um projeto destinado a conectar pontos de interesse do patrimônio cultural e natural brasileiro por meio de trilhas de longo curso em todo o país. A RedeTrilhas foi regulamentada por portaria conjunta em setembro de 2020.

    Com a RedeTrilhas, novas trilhas e trechos adicionais deverão seguir padrões de mapeamento e identificação estabelecidos pelo Manual de Sinalização de Trilhas do ICMBio. A ação traz mais segurança para os turistas e usuários, que agora poderão contar com padrões de estrutura e acesso contemplados pela iniciativa, que vão da indicação de pontos de interesse turístico, como lagos e cachoeiras, a bases para pernoite, alimentação e outros pontos de apoio.

    As propostas de adesão de Trilhas de Longo Curso regionais e nacionais à RedeTrilhas devem ser apresentadas à Secretaria de Áreas Protegidas, do Ministério do Meio Ambiente, em meio físico ou por meio do e-mail redetrilhas@mma.gov.br, e podem ser encaminhadas por órgãos públicos, organizações da sociedade civil ou entes privados, de acordo com os requisitos para adesão conforme as Portarias Conjuntas n° 407/2018 e 500/2020.


FONTE: Ministério do Meio Ambiente

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Encontro Nacional dos Cetas é realizado em Goiânia

Iniciativa busca avanços na gestão da fauna em cada centro do Brasil


2022-09-06_Cetas_GO_Ibama_capa.JPEGFoto: Ibama

 Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizou, entre os dias 29 de agosto e 2 de setembro, o primeiro Encontro Nacional dos Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) após um longo tempo de pandemia. O evento ocorreu em Goiânia (GO) e reuniu servidores e colaboradores do Brasil inteiro para um debate sobre a proteção da fauna no país.

Por meio de palestras, o encontro consistiu em padronizar procedimentos e promover a troca de experiência entre os técnicos que atuam nas 22 unidades dos Cetas. Além disso, buscou mostrar avanços e as principais perspectivas do Ibama para o futuro, a fim de garantir melhorias no atendimento aos animais.

Os debates contaram com apoio de professores e estudantes universitários, além de organizações parceiras do Ibama - que contribuíram com técnicas modernas utilizadas no resgate e tratamento de animais, bem como novas formas de devolução de espécies ao habitat e reintrodução na natureza.

Os Cetas são unidades responsáveis pelo manejo dos animais silvestres e possuem a finalidade de receber, identificar, avaliar, reabilitar e destiná-los à natureza. Em média, são recebidos 50 mil animais ao ano - cerca de 60% a 70% retornam à vida livre.


FONTE: Ibama

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

No Dia da Amazônia, conheça curiosidades da maior floresta tropical do mundo e ações que unem preservação e desenvolvimento

 Rico em biodiversidade, bioma é lar para 38 milhões de pessoas que vivem na região

parna_juruena_Adriano Gambarini© 1100x777.jpg

Foto: Adriano Gambarini 

    O maior bioma brasileiro, berço da maior biodiversidade dentre as florestas tropicais do mundo, a Amazônia é celebrada neste 5 de setembro, data que marca a criação da Província do Amazonas pelo imperador D. Pedro II, em 1850. Com aproximadamente 5 milhões de km² de floresta, a Amazônia se estende ao longo de nove países da América do Sul, sendo 60% da área desse bioma no Brasil. Dona de riqueza incalculável de plantas e animais, a floresta brasileira abriga 38 milhões de habitantes.

    Presente nos sete estados da Região Norte, além do Maranhão e Mato Grosso, a Amazônia é tão extensa que, se fosse um país, seria o sétimo maior do mundo. Tamanha imensidão faz com que, ainda nos dias de hoje, novas espécies de plantas e animais sejam descobertas e catalogadas. A diversidade é igualmente grande. Estima-se existir milhões de espécies no bioma – incluindo as não catalogadas – sendo parte desta diversidade exclusiva da maior floresta tropical do planeta.

    De toda a água da Terra, cerca de 97% é salgada, dos 3% restantes, parte está congelada e cerca de 1% é agua doce em estado líquido. A maior bacia hidrográfica do mundo é a Amazônica, que detém 20% da água doce do mundo e aproximadamente 80% das águias superficiais do Brasil.

    Cerca de 80% da área do bioma é terra firme, mas também há regiões alagadas onde diferentes espécies prosperam. Na Amazônia, também há floresta de várzea inundada; florestas de igapó, superfícies alagadas onde vivem as vitórias régias; e os manguezais próximos ao mar, onde a água é salobra, tornando-se o lar ideal para vários tipos de crustáceos.

    A fauna amazônica é motivo de orgulho para todo brasileiro. O peixe-boi amazônico, por exemplo, é o menor dentre as espécies de sua família e o único que vive exclusivamente em água doce, nos rios da bacia hidrográfica da região. A Amazônia também tem o folclórico boto-cor-de-rosa que, nas lendas, seduzia as mulheres. O bioma tem, ainda, um dos maiores peixes de água doce: o pirarucu, que pode chegar a 3 metros e passar dos 200 quilos. Nos ares, a harpia – maior águia e uma das maiores aves de rapina do mundo – reina soberana.

    A Amazônia abriga 85% das espécies de peixe da América do Sul; possui mais de 400 espécies de anfíbios; 1.300 e aves e mais de 400 mamíferos.

    Conheça, a seguir, ações do Ministério do Meio Ambiente para preservar e promover o desenvolvimento sustentável da Amazônia:

 Operação Guardiões do Bioma

    A operação se divide em eixos: Operação Guardiões do Bioma – Combate a queimadas e incêndios florestais e Operação Guardiões do Bioma – Combate ao desmatamento ilegal. A iniciativa é desenvolvida, de maneira coordenada, pelos Ministérios do Meio Ambiente e da Justiça e Segurança Pública. Órgãos de fiscalização, como o Ibama e ICMBio, as polícias Federal e Rodoviária Federal, além de Força Nacional de Segurança Pública, Fundação Nacional do Índio (Funai) e Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) atuam conjuntamente para combater o desmatamento, queimadas e incêndios, tráfico de fauna e flora nativas e venda ilegal de produtos florestais.

    A  Operação Guardiões do Bioma vem trazendo bons frutos no combate à desflorestação. Em toda a Amazônia Legal, a redução no desmatamento foi de 2,16%, entre agosto de 2021 e julho de 2022, de acordo com dados do Sistema de Detecção de Desmatamentos e Tempo Real (DETER).

    Lançada em julho de 2021, a primeira fase do eixo queimadas contou com efetivo de mais de oito mil profissionais no combate a 18,3 mil focos de incêndios florestais e 7 mil crimes ambientais. Foram 3.853 ações preventivas, 137 maquinários apreendidos, além de 1.580 animais resgatados em 11 estados brasileiros. Ainda, foram mais de 5.800 m³de madeira apreendida, o equivalente a 204 contêineres cheios. A segunda edição foi lançada em junho deste ano. Com investimento de R$ 77 milhões, a atuação inclui os biomas Amazônia, Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado e Pantanal.

Fiscalização reforçada

    O Ministério do Meio Ambiente recebeu, em 2021, verba suplementar de R$ 270 milhões para reforçar a fiscalização ambiental. Além desse montante, a pasta terá um acréscimo anual de cerca de R$ 72 milhões ao seu orçamento para custear a contratação de 739 servidores para Ibama e ICMBio, representando um aumento de 18% sobre o efetivo. Além disso, 3.185 novos brigadistas atuam em atividades de prevenção e combate a incêndios florestais em todo o Brasil.

    O controle do comércio de produtos florestais foi enrijecido com a implementação de novos sistemas de informação, como o Sinaflor+ (Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais), que estabeleceu a obrigatoriedade de adoção dos mecanismos de rastreabilidade da madeira, e o Pau-Brasil, que se conecta ao Siscomex para trazer mais controle sobre o comércio e a exportação de produtos florestais. Lançada em junho passado, a plataforma Pamgia integra mais de 60 softwares do Ibama, garantindo assim mais eficiência para o trabalho dos gestores e técnicos ambientais e transparência das informações.

    Em junho, Brasil e Estados Unidos anunciaram a criação de um novo grupo de trabalho copresidido pelos ministros Joaquim Leite (Meio Ambiente) e Anderson Torres (Justiça e Segurança Pública) e pelo Enviado Presidencial Especial para o Clima dos Estados Unidos, John Kerry. O esforço bilateral de resposta rápida tem o objetivo de alcançar resultados imediatos no combate aos crimes nacionais e internacionais de tráfico de animais silvestres, mineração ilegal e comércio ilegal de madeira, bem como bloquear o uso dos sistemas financeiro e comercial internacionais associados a atividades ilegais com produtos florestais.

Mercado de carbono e serviços ambientais

    Conciliando desenvolvimento e preservação, o Ministério do Meio Ambiente lançou o Programa Nacional de Pagamentos por Serviços Ambientais Floresta+, uma iniciativa para criar, fomentar e consolidar o mercado de pagamento por serviços ambientais em todos os biomas, a fim de reconhecer e valorizar atividades, projetos e prestadores de serviços ambientais.

    O Projeto Piloto Floresta+ Amazônia vem trabalhando a implementação destas ações, tendo até o momento recebido mais de mil inscrições para o recebimento de pagamento por serviços ambientais, levado apoio a 4 Estados Amazônicos para a validação de CAR para pequenos produtores rurais e ainda, classificou 234 propostas de projetos para Povos Indígenas e Povos e Comunidades Tradicionais.
Ademais, será realizado em novembro o primeiro evento de Ideação na agenda de inovação apoiada pelo Projeto, no qual serão identificadas propostas para serem desenvolvidas com mentorias e parcerias.

    Ainda, estão abertas, até 03/10 as inscrições para edital que selecionará instituições especialistas para a implementação de programas de originação, incubação e aceleração, referentes à modalidade de inovação do Projeto Floresta+ Amazônia. O Edital 3.886/2022 visa estabelecer Acordos de Longo Prazo que resultem na contratação de instituição para implementar até três ciclos dos programas. O edital está organizado em lotes referentes à cada um dos programas de inovação, portanto as instituições interessadas poderão se inscrever em um ou mais lotes, conforme sua capacidade administrativa e experiência nas temáticas. As entidades selecionadas serão responsáveleis por desenvolver a metodologia e implementar os Programas de Incubação, Originação e Aceleração.

    Além disso, no âmbito do projeto Parcerias para a Inovação na Amazônia foi contratado apoio para a construção da Estratégia Nacional de Manejo Integrado do Fogo, parceira entre o MMA, a GIZ, o IBAMA e o ICMBio na qual serão estruturados protocolos para o manejo e formação de brigadas locais.

    O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o ICMBio firmaram, em abril, acordo de cooperação técnica para realização de estudos de viabilização de concessões de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) e de créditos de carbono em Unidades de Conservação Florestal, uma importante iniciativa que visa o desenvolvimento sustentável, com conservação e preservação de floresta nativa.

    Em maio, foi publicado o Decreto Nº 11.075, que cria o mercado regulado brasileiro de créditos de carbono. A publicação inclui, entre outros destaques:

  • Conceito de crédito de metano e possibilidade de registro da pegada de carbono dos produtos e atividades; da unidade de estoque de carbono; do carbono de vegetação nativa; do carbono no solo ; e do carbono azul.
  • A plataforma única de registro de transações, Sistema Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa - Sinare, com segurança digital e garantia de rastreabilidade, sem dupla contagem, com critérios mínimos de qualidade e integridade ambiental.
  • Planos setoriais com meta de neutralidade climática até 2050, alinhada com o Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) perante a UNFCCC. 

    O Programa Paisagens Sustentáveis da Amazônia (projeto ASL) tem objetivo de melhorar a sustentabilidade dos sistemas de Áreas Protegidas, reduzir as ameaças à biodiversidade, recuperar áreas degradadas, aumentar o estoque de carbono, desenvolver boas práticas de manejo florestal e fortalecer políticas e planos voltados à conservação e recuperação e uso sustentável dos ecossistemas amazônicos. Em julho deste ano, o Comitê Operacional do programa aprovou o Plano Operacional Anual (POA) no valor de R$ 47,2 milhões, que será implementado no período 2022/2023.

    Entre as ações previstas no período estão estudos para viabilizar a concessão florestal em áreas federais e estaduais, apoio à elaboração de planos de recuperação de áreas degradadas e gestão de unidades de conservação, entre outras. Serão priorizadas a entrega de atividades de restauração florestal com o aporte de cerca de R$ 21 milhões. Além disso, o programa vai apoiar a estruturação e capacitação dos órgãos estaduais e federais envolvidos no projeto. As novas atividades planejadas para o período pretendem entregar 1.270 hectares de áreas para restauração, além de 16 mil novas análises e 5 mil retificações de Cadastro Ambiental Rural (CAR).

    Há também o Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), que completou 20 anos em julho. A iniciativa visa a preservação de unidades de conservação de proteção integral, Terras Indígenas e Terras Quilombolas. Ao todo, o Arpa consolida 60 milhões de hectares de unidades de conservação na Amazônia – área equivalente a quase duas vezes o tamanho da Alemanha – criando a maior iniciativa mundial de conservação de florestas tropicais. Incluindo terras indígenas e Unidades de Conservação de uso sustentável e proteção integral em diversas esferas administrativas, o programa compreende 198 milhões de hectares, o equivalente a 47% do território do bioma. O Arpa envolve a participação do Ministério do Meio Ambiente, do ICMBio e do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio). 

Biodiversidade

    Recentemente, foi lançado o livro “Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial – Plantas para o Futuro – Região Norte”, apresenta mais de 150 espécies nativas com valor econômico atual ou com potencial e que podem ser usadas de forma sustentável na produção de medicamentos, alimentos, aromas, condimentos, corantes, fibras, forragens como gramas e leguminosas, óleos e ornamentos. Entre os exemplos estão fibras que podem ser usadas em automóveis, corantes naturais para a indústria têxtil e alimentícias e fontes riquíssimas de vitaminas.

    Dentre os resultados práticos esperados com o livro podemos citar a difusão e ampliação do uso sustentável de espécies amazônicas na gastronomia regional e nacional; o incremento do interesse em pesquisas, o desenvolvimento e a inovação, inclusive por meio de programas de melhoramento genético vegetal voltados à obtenção de cultivos de frutas da Amazônia em plantios comerciais. Outro ponto relevante de contribuição do projeto é a criação de cadeias produtivas e de valor para plantas frutíferas, medicinais e oleaginosas amazônicas, com foco nos mercados nacional e internacional.

Clique aqui para realizar o download gratuito do livro


Logística reversa

    A agenda de qualidade ambiental urbana também avança no bioma. Foram R$ 16 milhões investidos no encerramento de lixões e melhoria da gestão de resíduos sólidos nos municípios da região amazônica; 29 Unidades de sistema de tratamento de esgoto descentralizado implementadas em comunidades locais; e recolhimento de 4 toneladas de resíduos em rios da região a partir de ação voluntária que contou com a participação de 385 pessoas.

    Conforme anunciado pelo governo brasileiro durante a 26ª edição da Conferência do Clima das Nações Unidas, realizada na Escócia em novembro do ano passado, todas as capitais da Amazônia receberam centrais de logística reversa de eletroeletrônicos. De fone de ouvido a geladeiras, as centrais são preparadas para receber produtos eletroeletrônicos e dar a correta destinação ambiental, evitando assim a contaminação do solo e das águas.

 

FONTE: Ministério do Meio Ambiente

 


quarta-feira, 7 de setembro de 2022

A riqueza da uva baiana


A uva é o fruto da videira, uma planta da família das Vitaceae. É muito utilizada para produzir sumo, doce, vinho e passas, mas também bastante consumida ao natural. 

Apesar do solo árido e clima seco com precipitação anual de cerca de 400 mm, o sertão baiano e pernambucano tornou-se uma das maiores regiões produtoras de vinho do país. A região rodeada de caatinga começou a receber turistas interessados ​​em saber mais sobre a produção da bebida que transformou a cor do sertão para um tom mais próximo da cor das uvas graças à irrigação controlada pela captação da água de um dos mais importantes rios brasileiros, o São Francisco, nosso Antigo Velho Chico. A área por onde passa a rota do vinho é o vale do São Francisco, localizado na divisa entre os estados da Bahia e Pernambuco, próximo a cidade de Juazeiro.

A região produz 15% dos vinhos vendidos no Brasil, a segunda maior produção de vinhos finos. Uma das vantagens é que, como aqui não temos uma estação definida, a vinícola não está sujeita a intempéries, como neve ou vento. Por causa disso, o Vale do São Francisco é o único lugar no mundo que produz 2 safras e meia por ano.

Outra coisa que garante uma produção tão intensiva é que as áreas de produção das uvas recebem mais de três mil horas de sol por ano. Por causa disso, o vinho aqui é mais doce do que em outros lugares. Mas isso não é nada ruim, muito pelo contrário. As bebidas produzidas aqui são algumas das melhores do mundo. Isso entre mais de meio milhão de hectares de vinhedos entre os municípios de Petrolina, Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista (PE) e Casa Nova (BA). É importante lembrar que as fazendas não são exatamente sediadas, por isso é importante ter um carro (ou alugar um ou pegar um táxi) para chegar até elas.

No Vale do São Francisco, norte da Bahia, a demanda por vinhos e espumantes aumentou cerca de 15% durante as festividades de fim de ano, segundo a Valexport, Associação dos Produtores e Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco. A região é a maior produtora de uvas de mesa da Bahia e já tem uma safra sólida. Mas o estado está ganhando uma nova fronteira vinícola: a Chapada Diamantina.

Não faz muito tempo o cultivo produtivo de uvas era considerado viável apenas em regiões muito frias do hemisfério sul, como Chile, África do Sul e Austrália, ou em países de clima temperado do hemisfério norte, como França, Itália, Espanha e Portugal, tradicionais produtores. No entanto, as uvas vêm se adaptando com sucesso nestas duas regiões da Bahia que possuem condições climáticas bem diferentes do comum: O Vale do Submédio São Francisco e a Chapada Diamantina.


No Vale do São Francisco, a produção de uvas e vinhos foi instalada nos municípios de Juazeiro, Casa Nova, Sobradinho e Curaçá, em pleno sertão. Nesta área da Bahia, os vinhos são produzidos a 350 metros de altitude, em temperaturas mais quentes, em clima tropical semiárido.


Já na Chapada Diamantina, a produção vem se consolidando nos municípios de Mucugê e Morro do Chapéu, áreas do chamado clima tropical de altitude. Nestes municípios, a altitude é igual ou superior a 1.000 metros acima do nível do mar, e a temperatura é amena, mais fria.


As vantagens da produção de uva baiana não param por aí, segundo pesquisadores, o Vale do São Francisco, está localizado entre os paralelos 8 e 9 do Hemisfério Sul, onde não há inverno rigoroso, as datas das podas e colheita dependem da escolha do produtor e de demandas do mercado. Ao contrário de algumas regiões tradicionais do Hemisfério Norte, onde a colheita deve ser feita obrigatoriamente entre agosto e outubro, ou das áreas de cultivo tradicional como o Rio Grande do Sul, onde a colheita não pode deixar de ser realizada entre dezembro e março. No Norte da Bahia, uma planta de videira pode ser podada duas vezes e é capaz de produzir duas safras no ano, em períodos escalonados, fazendo com que seja possível colher uvas e elaborar vinhos praticamente o ano todo.


O Vale do São Francisco (compreendido entre os estados da Bahia e Pernambuco), é produzido um milhão de toneladas de frutas em média por ano. O faturamento registrado anualmente fica em torno de R$ 2 bilhões somente com a produção de manga e uva, sendo que, deste valor, R$ 440 milhões são relativos aos frutos destinados à exportação. A cidade baiana de Juazeiro concentra boa parte dos produtores de frutas frescas entre os municípios que integram o chamado Submédio São Francisco, responsável pela produção de manga e uva que são exportadas, especialmente, para o mercado europeu e americano.

Quando o assunto é geração de empregos, os números não são modestos, na fruticultura do Submédio São Francisco são gerados 250 mil empregos diretos e outros 950 mil indiretos. Ainda conforme informações da Associação dos Produtores e Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco (Valexport), nessa área atuam três mil produtores que exportaram mais de 49 mil toneladas de uvas em 2020. Esse contexto explica porque a Bahia ocupa o 2º lugar na produção de frutas frescas produzidas no país, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2020. Sendo responsável por mais de 30% das frutas do país.      





Matéria da Nova Revista Edição 41