quinta-feira, 30 de maio de 2024

Ibama inicia programa-piloto de Enriquecimento Ambiental (EA) para animais silvestres no DF


O programa retira o animal da rotina de cativeiro, oferecendo situações para que ele possa desenvolver comportamentos comuns de uma vida livre.

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Foto: Ibama/Cetas

O Centro de Triagem de Animais Silvestres do Distrito Federal (Cetas/DF) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) iniciou, no mês de maio, um programa-piloto de Enriquecimento Ambiental (EA) com um grupo de cachorros-do-mato (Cerdocyon thous) e de um caititu (Pecari tajacu).

O EA é um conjunto de atividades que visam atender às necessidades etológicas (de comportamento) e psicológicas dos animais, proporcionando alterações nos recintos onde estão ou em suas rotinas.

Em animais mantidos em cativeiro, o desafio ambiental é limitado ao recinto que serve de abrigo, podendo comprometer o seu desenvolvimento físico e psicológico, explica o biólogo do Ibama Júlio César Montanha Soares, que dá suporte técnico-científico ao Cetas no programa.

O confinamento, segundo ele, pode gerar modificações tanto anatômicas quanto fisiológicas, uma vez que o organismo do animal não recebe as condições necessárias para seu desenvolvimento.

O Enriquecimento Ambiental tem justamente o objetivo de reduzir os efeitos do estresse do confinamento e ajudar no desenvolvimento psicológico mais adequado de cada espécie. O EA retira o animal da rotina de cativeiro, pois são criadas situações para que ele possa desenvolver comportamentos originais, ou seja, fique próximo do modo de agir que apresentaria se estivesse em vida livre.

Ele explica que, de forma lúdica, o programa inclui atividades que vão requerer do animal que explore o recinto e tome decisões, interagindo com o aparato colocado no cativeiro. O que se pretende é despertar a capacidade cognitiva do animal (adquirir conhecimento por meio, entre outros, da percepção, associação, memória e raciocínio) para enfrentar situações-problema que lhe são apresentadas.

Experiência replicada

O biólogo informa que, no caso do Cetas/DF, a experiência pode se tornar uma referência que permita trocar experiências com as outras unidades do país. “Assim, num futuro próximo, podemos gerar um protocolo de Enriquecimento Ambiental, que será moldado de forma a atender a todas as unidades Cetas e envolver a maior parte das espécies que são recebidas.”, concluiu.

Para dar suporte às atividades, é necessária a presença de um técnico ou analista ambiental, que fica responsável pela montagem e aplicação do EA, além de um tratador, que cuida do manejo correto dos animais. O cronograma das atividades é desenvolvido uma vez por semana.

Por ser um programa-piloto, foram estabelecidos dias e horários fixos, cujo intuito é entender as dinâmicas das atividades e conseguir conciliar com as atividades do Cetas. Após essa avaliação, as rotinas de EA se tornarão fixas.


FONTE: Assessoria de Comunicação do Ibama

terça-feira, 28 de maio de 2024

Trabalho do Ibama no Rio Grande do Sul contribui para salvar vidas diante da catástrofe climática no estado

 

Servidores gaúchos receberam o apoio de colegas de todo o país, que se deslocaram para ajudar nas operações.

Há quase 30 dias, servidores e funcionários do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no estado do Rio Grande do Sul têm trabalhado no resgate às vítimas do desastre climático no estado, contribuindo com o salvamento de vidas humanas e de animais. Mesmo atingidos pessoalmente pelas inundações, eles vêm atuando dia e noite, sem folgas semanais, na ajuda humanitária.

Alguns estão no comando das operações, enquanto outros, da Superintendência e das quatro Unidades Técnicas do estado, se integram às ações de ajuda humanitária. “Todos sempre com o principal objetivo de salvar vidas, humanas ou não. Fomos sempre impulsionados pelo lema “ninguém fica para trás!”, afirma a superintendente substituta Diara Sartori.

Com o agravamento do cenário, servidores do Ibama de todo o país se colocaram à disposição para ajudar. Muitos, informa Diara, se deslocaram para se unir aos colegas gaúchos, trabalhando tanto nas operações de campo quanto na parte de logística e de planejamento, dentro do Sistema de Comando de Incidentes (SCI). “Somos gratos por esse apoio fundamental nesse momento”, comentou.

Atividades

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Contribuição para as comunidades indígenas

As demandas continuam e são atendidas à medida da viabilidade das equipes em campo, que atuam em várias frentes. As ações de entrega de alimentos e doações para as comunidades indígenas, uma operação deflagrada desde o início das enchentes, se mantêm, mas serão ampliadas para outras comunidades, como os quilombolas.

Os resgates embarcados (com uso de embarcações motorizadas), um trabalho primordial para salvar vidas humanas, começaram a diminuir a partir da queda do nível das águas no lago Guaíba, em Porto Alegre. Assim, com a redução desse tipo de resgate, o foco voltou-se para os animais, a maioria cães, gatos e pássaros em gaiolas, demanda que, hoje, também vem se reduzindo.

Mapeamento

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Trailer da Coaer/Ibama
No último sábado (25/5), o Ibama, por meio da Coordenação de Operações Aéreas (Coaer), enviou um trailer equipado que dará reforço aos trabalhos de mapeamento das regiões atingidas pelas chuvas. O veículo foi levado em avião da Força Aérea Brasileira (FAB). O Ibama está realizando, com o auxílio do Sistema de Aeronave Remotamente Pilotada (RPAS/Drone), o mapeamento de áreas atingidas, em trabalho conjunto com a Defesa Civil e a participação nas equipes de servidores que vieram de outros estados.

A meta é ter um desenho das regiões que precisarão de uma futura recuperação ambiental. Dessa forma, o Instituto já pensa numa atuação dentro da sua competência daqui para a frente, a partir da diminuição das demandas iniciais da emergência humanitária.

Nessa tarefa inclui-se a construção do Plano Nacional de Ações de Resposta à Fauna – Desastre Rio Grande do Sul, um processo complexo que vai exigir muito planejamento na sua elaboração. Além das milhares de pessoas desalojadas de seus lares, que, em muitas cidades, não vão poder voltar às suas residências – muitas já atingidas por outras catástrofes -, existe, ainda, a questão dos animais domésticos e de produção, que foram vítimas das inundações.

Desde o início dos temporais que atingiram o Rio Grande do Sul, em 29 de abril, 169 pessoas morreram e 56 estão desaparecidas, de acordo com boletim divulgado pela Defesa Civil.

Há cerca de 582 mil pessoas desalojadas, das quais 55 mil estavam em abrigos improvisados até este final de semana. No total, 2.3 milhões de gaúchos de 469 municípios foram afetados.

Ações do Ibama

Desde o dia 2 de maio, o Ibama vem prestando orientação técnica e apoio operacional às instituições públicas e à sociedade.

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Transferência dos animais do Cetas/Rs para Jardim Botânico

Considerando que os prédios do Instituto em Porto Alegre – a Superintendência e o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) – foram atingidos pelas enchentes, o Posto de Comando da autarquia foi instalado inicialmente nas dependências do Jardim Botânico da capital, administrado pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do estado. Posteriormente, foi para a Sala de Situação, onde fica a Coordenação de Operações, Logística e Planejamento, no prédio do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Antes da completa inundação da sede do Cetas, os 118 animais silvestres que lá estavam foram removidos para uma instalação provisória também no Jardim Botânico. Nesta semana, está sendo providenciada a transferência da unidade e dos animais para a sede do Inmet.

Parte dos animais foi distribuída para outros Centros de Triagem do Ibama nos estados de São Paulo, Espírito Santo e Goiás. Outros foram alocados em parceiros do Ibama no estado, que são o mantenedor de animais Quinta da Estância, na cidade de Viamão, a clínica veterinária Toca dos Bichos, especializada em animais silvestres, e o Hospital Veterinário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).


Na sequência, foram realizadas prioritariamente as seguintes ações:

  • Resgate de animais silvestres em situações de risco;
  • Resgate de pessoas e animais domésticos (pets) e domesticados (criação) em situações de risco;
  • Apoio técnico e logístico as instituições com atuação de fauna, incluindo a disponibilização de insumos e de equipamentos;
  • Monitoramento dos empreendimentos, situados no estado, que possuem Licença de Operação emitida pelo Ibama;
  • Apoio ao desabrigados com a distribuição de cestas básicas e kits médicos, fornecidos pelo governo federal, atendendo à demanda do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional; e
  • Apoio a comunidades indígenas com distribuição de cestas básicas e kits médicos fornecidos pelo governo federal, atendendo à demanda da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) e do Conselho Indigenista Missionário, vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).


Até a última sexta-feira (24/5), as ações tiveram os seguintes resultados:

Ações  

Quantidade aproximada 

Fauna silvestre resgatada 

79 

Fauna doméstica/domesticada resgatada 

32 

Solturas de animais silvestres em ambiente seguro 

115 

Pessoas resgatadas  

29 

Comunidades isoladas atendidas com distribuição de cestas básicas, água, colchões, barracões da Defesa Civil, cobertores, roupas, produtos de higiene, medicamento, entre outros 

18 comunidades indígenas/quilombolas (mais de 210 famílias) 

Doações de apoio ao resgate de animais 

(insumos veterinários, suplementos alimentares e medicamentos)  

1.519 unidades diversas 

Entrega de insumos veterinários de vários estados para atendimento do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetase instituições parceiras 

105 kg 

Mobilização de ração para gatos e cachorros para disponibilização a órgãos/instituições parceiras 

980,8 kg 

Doação de ração em apoio a instituições parceiras no resgate de animais 

250 kg de ração para cães 

150 kg de ração para pássaros 

Doações para abrigos humanos (suplementos 

alimentares e insumos de rotina hospitalar) 

181 caixas de insumos diversos 

Essa é a estrutura empregada diariamente pelo Ibama:

  • Recursos humanos: 50 servidores;
  • Viaturas: 16, incluindo um Posto de Comando Móvel e um caminhão;
  • Meios flutuantes: 3 embarcações.

O Ibama integra o Comando Operacional Integrado do Taquari II, que desempenha a coordenação civil-militar com a Defesa Civil do estado, para o apoio às vítimas das enchentes, e integra também o Sistema Federal - Resposta, pelo qual as instituições federais relatam as ações realizadas.

Pior catástrofe climática registrada no RS

Segundo o balanço deste domingo (26/5), atualizado pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul, o número de municípios afetados no estado é de 469. São 55.813 pessoas em abrigos, 581.638 desalojados e 2,34 milhões de pessoas afetadas.

Dentre essas pessoas, estão moradores de comunidades indígenas que vivem em regiões no entorno da capital gaúcha, como os da etnia Guarani. Servidores do Ibama, por meio de embarcações e camionetes, levaram mantimentos, remédios, cobertores e colchões a 220 famílias. O Ibama/RS está inserido no grupo “Articulação Indigenista – Enchentes RS”, que reúne diversos órgãos e instituições governamentais no apoio logístico para doações às comunidades indígenas.


FONTE: Assessoria de Comunicação do Ibama

quarta-feira, 8 de maio de 2024

Ibama/RS junta-se à força-tarefa no Rio Grande do Sul no trabalho de resgate a vítimas das enchentes no estado.

 

Equipes do Instituto atuam em conjunto com órgãos do governo federal e estadual Compartilhe por WhatsApp

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Força-tarefa de distribuição de alimentos e água

 A Superintendência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis no estado do Rio Grande do Sul (Ibama/RS) está atuando em ação conjunta com o governo federal e o governo estadual para resgatar pessoas e animais (silvestres e domésticos) das enchentes que deixaram grande parte das cidades gaúchas inundadas. Os servidores também estão auxiliando a força-tarefa do estado no trabalho de distribuição de alimentos e água.

Ações federais em resposta a catástrofe socioambiental no Rio Grande do Sul mobilizam mais de 14 mil pessoas. A atuação conjunta dos governos federal, estadual e municipais permitiu resgate de mais de 25 mil pessoas em operações aéreas, terrestres e fluviais até esse domingo (05/05).

A Defesa Civil comunicou nessa segunda-feira (06/05) o número de vítimas até o momento. São 83 mortes, 111 desaparecidos e 291 pessoas feridas. E ainda, 149,3 mil pessoas fora de casa, sendo 20 mil em abrigos e 129,2 mil desalojadas (nas casas de familiares ou amigos). Ao todo, 364 dos 496 municípios do estado registraram algum tipo de problema, afetando 873 mil pessoas.

O governo gaúcho decretou estado de calamidade, situação que foi reconhecida pelo governo federal. Com isso, o estado fica apto a solicitar recursos federais para ações de defesa civil, como assistência humanitária, reconstrução de infraestruturas e restabelecimento de serviços essenciais.

A Defesa Civil colocou a maior parte das bacias hidrográficas do estado com risco de elevação das águas acima da cota de inundação.

Cetas

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Transferência de animais silvestres para um lugar seguro
O Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama/RS mobilizou uma força-tarefa que inclui o uso de uma embarcação, que, nesta segunda-feira, começou a percorrer áreas alagadas na capital gaúcha, para alcançar áreas afetadas de difícil acesso. O trabalho de resgate e o cuidado com os animais atingidos pelas enchentes não se restringe apenas ao Cetas.

Em resposta à emergência ambiental, o Cetas uniu esforços com a Secretaria de Meio Ambiente do estado e com diversas entidades para resgatar e cuidar dos animais silvestres afetados pela intensificação das chuvas, que provocou um aumento do volume de água em campos e áreas urbanas.

O Centro de Triagem, localizado no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, também foi impactado diretamente pelas enchentes. Antevendo uma situação crítica, a equipe do Ibama rapidamente transferiu os animais para locais mais seguros.

"Foi uma verdadeira ação contra o tempo. A gente sabia que se não corrêssemos, o risco de a água atingir o prédio e deixar todos presos era grande. Mas, deu tempo de retirar e levar todos os animais para um lugar seguro, além de levar alguns móveis e documentos para os andares superiores do prédio, relata a superintendente do Ibama/RS, Diara Maria Sartori.

Na sexta-feira (3), papagaios, tartarugas e marrecos foram realocados para a Quinta da Estância, no município de Viamão, na Região Metropolitana. No sábado, quatro macacos-prego e pássaros foram levados para a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Todos os animais estão agora em segurança.

O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, reitera seu compromisso em colaborar com as ações dos governos federal e estadual para ajudar nessa, que é a maior tragédia já registrada na história do Rio Grande do Sul. As pessoas têm que entender que a mudança climática é uma realidade no mundo todo. Achávamos que iria demorar ainda alguns anos, mas já estamos vivendo suas consequências".


FONTE: Assessoria de Comunicação do Ibama

segunda-feira, 6 de maio de 2024

Mais de 11 mil pessoas são resgatadas durante catástrofe no Rio Grande do Sul


Intensificada pela mudança do clima, tempestade é a pior já registrada no Estado.

Homem é resgatado na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Foto: Ricardo Stuckert/PR

         Ações conjuntas dos governos federal, estadual e municipais permitiram até este sábado (4/5) o resgate de 11 mil pessoas afetadas pelas fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul (RS) desde 26 de abril. Agravada pela mudança do clima, a pior catástrofe socioambiental da história do Estado já deixa ao menos 55 mortos. 

        Segundo balanço divulgado pela Defesa Civil na noite deste sábado, há outras sete mortes sob investigação, 107 feridos e 74 desaparecidos. Mais de 510 mil pessoas foram afetadas, 13,3 mil estão desabrigadas e 69,2 mil, desalojadas.

            Mais de 1,6 mil pessoas e ao menos 32 helicópteros, quatro aeronaves, 866 viaturas e 182 embarcações participam das operações. A prioridade neste momento é realizar resgates e salvar vidas. 

            A tragédia ocorre devido à massa de ar quente estacionada no Centro-Sul do país, que impede o avanço de frentes frias e concentra a precipitação no Rio Grande do Sul e no sul de Santa Catarina. O fenômeno é intensificado por um dos El Niños mais fortes da história, agravado pela mudança do clima. 

        A ministra Marina Silva destacou em entrevista neste sábado que alertas científicos sobre a necessidade de combater a mudança do clima foram ignorados por décadas e seus impactos estão evidentes em eventos climáticos extremos mais intensos e frequentes. A resposta deve ocorrer em duas frentes, declarou a ministra: 

        “A ação deve ser contundente e em dois eixos: lidar com a emergência já instalada, fazer a gestão do desastre, como estamos nos esforçando para fazer no Rio Grande do Sul. E, ao mesmo tempo, fazer a gestão do risco, que é o que há de mais complexo no mundo. É ter capacidade de antecipação e prevenção de fenômenos cujos desdobramentos nem sabemos ainda o alcance ou magnitude”, disse Marina à GloboNews. 

        O governo trabalhará para ações estruturantes e preventivas nas cidades mais vulneráveis do país, enfatizou a ministra. Estudo do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), identificou 1.942 municípios suscetíveis a eventos climáticos extremos. Também são necessárias medidas emergenciais, como reforço de sistemas de alertas, rotas de fuga, áreas de alojamento, entre outras medidas. 

        O combate à mudança do clima, completou a ministra, é prioridade para o governo federal: a retomada da governança socioambiental em 2023 e das ações de fiscalização permitiu redução de 50% da área sob alertas de desmatamento na Amazônia, segundo o sistema Deter, do Inpe. O resultado permitiu evitar o lançamento na atmosfera de aproximadamente 250 milhões de toneladas de gases causadores do efeito estufa, equivalente às emissões anuais de um país como a Colômbia. 

 Reunião emergencial

           Ao menos 317 (64%) dos 497 municípios do RS foram afetados pela catástrofe, de acordo com o governo do Estado. Neste sábado, o Rio Guaíba ultrapassou os 5 metros pela primeira vez em sua História. O maior nível registrado até então era 4,76 metros, em 1941.  

        Em Porto Alegre, o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Paulo Pimenta, destacou que os esforços de resgate concentram-se na região metropolitana da capital, principalmente nas cidades de Canoas e Eldorado do Sul:

        “O limite do que será colocado à disposição é o limite da necessidade. O presidente já disse: não há limite orçamentário, pessoal ou de equipamento”, afirmou o ministro em entrevista coletiva. “Amanhã será um dia decisivo para entendermos a evolução desta tragédia e segunda-feira poderemos olhar para o que foi feito e planejar junto o que será feito a partir da próxima semana.”

        O governo federal instalou neste sábado sala de comando operacional em Porto Alegre para agilizar a resposta à crise e a integração entre os diferentes níveis de governo, e o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres opera em alerta máximo. Há também sala de situação no Palácio do Planalto, que teve sua terceira reunião neste sábado com participação de 15 ministros. 

        Além de Pimenta e Waldez Góes (MIDR), que estão no Rio Grande do Sul, participaram as ministras Marina e Nísia Trindade (Saúde). Também estiveram presentes os ministros Rui Costa (Casa Civil), Renan Filho (Transportes), Alexandre Silveira (MME), Paulo Teixeira (MDA), Silvio Costa (Portos e Aeroportos), Alexandre Padilha (SRI), Jader Filho (Cidades), Juscelino Filho (Comunicações), Carlos Fávaro (Mapa), Wellington Dias (MDS), o titular do Gabinete de Segurança Institucional, general Marcos Antonio Amaro dos Santos, entre outros. 

        Os ministros decidiram pedir para que Estados centralizem o recebimento de doações ao Rio Grande do Sul em seus Corpos de Bombeiros. Segundo o general Hertz do Nascimento, vice-chefe do Estado Maior do Exército e responsável pela coordenação das ações de resgate em Porto Alegre, há maior necessidade de colchões, roupas de cama e de banho.

Ações do governo federal

       Medidas já anunciadas pelo governo federal incluem liberação do pagamento de R$ 580 milhões em emendas parlamentares ao Estado. Cerca de R$ 540 milhões serão destinados pelo Ministério da Saúde, que também instalará Centro de Operação de Emergências em Saúde Pública (COE) para planejar e coordenar medidas de emergência na região. 

            Haverá também enviou de 20 kits de insumos e medicamentos, que atenderão 30 mil pessoas em um mês. Hospital de campanha foi instalado no município de Estrela, com enfermaria, 40 leitos, dois consultórios para atendimento e um para triagem. A previsão é que outra unidade seja montada no domingo.

            A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) concluiu a remoção das 359 famílias que vivem em área de risco das barragens sob alerta em Santa Maria e Bento Gonçalves. O Ministério do Desenvolvimento empenhou R$ 8,4 milhões para a aquisição de 52 mil cestas básicas, e haverá disponibilização de 2 mil cestas de alimentos a cozinhas solidárias. 

        Foi anunciado ainda envio de 100 agentes das Forças Nacionais, monitoramento de impacto e evacuação em Terras Indígenas no RS e remanejamento de recursos para o aeroporto de Porto Alegre. Os Correios transportarão mais de 50 toneladas de roupas e calçados doados pela Receita Federal às vítimas e o Ministério das Cidades anunciou R$ 55 milhões para a contenção de encostas no Estado, entre outras medidas.

1 milhão de pessoas sem água

        Em todo o RS, há 1,05 milhão de pessoas sem abastecimento de água e 350 mil imóveis sem energia. Segundo última atualização, 128 trechos em 61 rodovias têm bloqueios totais ou parciais causados por quedas de barreiras, pistas submersas, riscos de deslizamento, entre outros fatores.

        Ao menos 186 municípios estão sem serviços ou internet. Para facilitar o contato, o Ministério das Comunicações determinou que a Telebras envie 34 antenas emergenciais ao RS, equipamentos que serão usados por equipes de resgate, monitoramento de áreas afetadas, hospitais de campanha e para disponibilizar internet sem fio em abrigos, entre outras finalidades.

        As aulas estão suspensas em todas as 2.338 escolas da rede estadual, impactando 209.622 estudantes. Há 627 escolas afetadas em 218 municípios, e 246 delas foram danificadas. Ao menos 34 centros educacionais foram transformados em abrigos. 

        O governador Eduardo Leite afirmou que o Rio Grande do Sul “vai precisar de uma espécie de um Plano Marshall de reconstrução”, referindo-se ao plano de ajuda econômica criado pelos EUA para ajudar os países da Europa Ocidental na reconstrução pós-Segunda Guerra Mundial: 

        “Vamos precisar de um plano de excepcionalidade em processos, em recursos, em medidas absolutamente extraordinárias, porque quem já foi vítima da tragédia não pode ser vítima, depois, da desassistência e da demora da burocracia”, afirmou o governador.

 

FONTE: Assessoria de Comunicação do MMA.