Brasília (29/04/2016) – O Ibama e a Fundação Nacional do Índio (Funai)
realizaram na última semana operação de combate à exploração ilegal de
ouro na terra indígena Yanomami, em Roraima, que resultou na destruição
20 balsas, 11 acampamentos e 6 motobombas. Os fiscais apreenderam um
revólver calibre 38 com numeração raspada, uma espingarda de caça,
munição e dois frascos de mercúrio. A ação mobilizou 35 servidores,
incluindo agentes ambientais do Grupo Especializado de Fiscalização
(GEF) do Ibama, técnicos da Funai e policiais de Roraima. A equipe
utilizou 3 helicópteros e 1 avião para fiscalizar regiões de difícil acesso.
Durante a ação, foram identificadas 15 pistas de pouso clandestinas.
O coordenador de Operações do Ibama, Roberto Cabral, disse que o
objetivo é interromper o dano ambiental, interferindo na logística dos
garimpeiros, com a destruição de balsas, barcos e instrumentos
utilizados na prática ilegal.
da região pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca,
da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que revelou índices preocupantes
de contaminação por mercúrio (Hg). Foram coletadas 239 amostras de
cabelo no período de 16/11/2014 a 03/12/2014.
O mercúrio é usado por garimpeiros para separar o ouro de outras substâncias.
Ao ser despejado na água, o metal pesado se deposita no lodo acumulado no
fundo do rio e pode ser ingerido por peixes. Dessa maneira, a substância
passa a fazer parte da cadeia alimentar, tornando-se um risco para a saúde
pública. Altamente tóxico, o mercúrio pode causar danos graves e permanentes.
Afeta o sistema nervoso central, os rins, o coração e o sistema reprodutor,
sendo especialmente perigoso para gestantes. A Organização
Mundial da Saúde (OMS) aponta que concentrações superiores a
6 microgramas de mercúrio por grama de cabelo podem trazer sérias
consequências para a saúde, especialmente no caso de grupos mais
vulneráveis, como os índios.
Os níveis de exposição colhidos pela pesquisa apresentaram mediana de
3,2 microgramas de mercúrio por grama de cabelo na região de Papiú e de
5,0 microgramas em Waikás. A situação mais preocupante foi encontrada na
aldeia de Aracaça, situada próximo à área de garimpo, onde a mediana
verificada foi de 15,5 microgramas, com 6,8 microgramas entre crianças
menores de 5 anos e 16,0 microgramas para mulheres em idade reprodutiva.
Na mesma aldeia, praticamente todos os adultos avaliados apresentaram
níveis elevados de mercúrio no cabelo e 92% dos índios examinados
estavam contaminados. A situação melhora onde a presença dos
garimpeiros é menor, como em Papiú, onde 6,7% das amostras analisadas
apresentaram sinais de contaminação. Em razão dos altos índices
de desnutrição, malária, tuberculose e parasitoses intestinais,
os indígenas da região já possuem um sistema imunológico comprometido,
o que potencializa a toxidade do mercúrio.
O estudo da Fiocruz foi realizado a partir de pedido do líder
Yanomami Davi Kopenawa, com apoio do Instituto Socioambiental (ISA),
do Laboratório de Química da PUC e da Hutukara Associação Yanomami (HAY).
Os resultados foram apresentados à comunidade indígena e entregues
ao Ibama em março deste ano. A terra indígena Yanomami é a maior do Brasil,
com 9,6 milhões de hectares nos estados de Roraima e Amazonas.
O monitoramento da região será mantido pelo Ibama e as informações obtidas
durante a operação serão usadas para responsabilizar a cadeia criminosa.
Assessoria de Comunicação do Ibama
imprensa@ibama.gov.br (61) 3316-1015 Fotos: Banco de Imagens do Ibama |
terça-feira, 3 de maio de 2016
Ibama e Funai desativam garimpo ilegal na terra indígena Yanomami
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