Brasil vai monitorar
cultivo de peixes em reservatórios de hidrelétricas em tempo real
Sima Aquicultura será fundamental para análise da qualidade da
água usada nos cultivos
Passo importante para a transformação do Brasil em um grande
produtor mundial de pescado foi dado hoje (27), em São José dos Campos (SP). O
Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe) e a Embrapa Meio Ambiente lançaram o Sistema Integrado de
Monitoramento Ambiental (Sima-Aquicultura), que vai permitir, a partir de
julho, o acompanhamento da qualidade da água dos reservatórios de usinas
hidrelétricas utilizados para o cultivo de pescado. O projeto começa a operar
pela hidrelétrica de Furnas, em Minas Gerais, e será expandido para o todo o
País.
“O mundo tem fome e o pescado é fundamental para a segurança
alimentar. Com o uso de 0,5% dos nossos reservatórios podemos produzir até 20
milhões de toneladas de pescado por ano e a água de qualidade é fundamental. Com
esse sistema, vamos acompanhar, em tempo real, o comportamento da água
utilizada para a produção do pescado, contribuindo para a preservação da
qualidade deste importante recurso”, destacou o ministro da pesca, Marcelo
Crivella.
“O conhecimento que produzimos no Inpe e a mais alta tecnologia
disponível está à serviço do desenvolvimento da aquicultura e da segurança
alimentar do Brasil”, completou o diretor do Inpe Leonel Fernando
Perondi.
Em Furnas o sistema envolve seis sondas para o monitoramento ambiental
das atividades de criação de pescado em quatro braços do reservatório. O
equipamento repassa todos os dados para o satélite e permite a visualização em
tempo real do que acontece no reservatório, via internet. O sistema tem por
base o equipamento de monitoramento ambiental que vem sendo implantado pelo
Inpe há 15 anos nos grandes reservatórios do País.
As sondas serão imersas, a partir de plataformas flutuantes, nas
águas dos parques aquícolas de Guapé 1 e 2, no município mineiro de Guapé (MG).
As cinco menores são capazes de registrar parâmetros da
qualidade da água como PH, oxigênio dissolvido, temperatura em 15
profundidades, condutividade e turbidez. A maior, além destes parâmetros,
verifica a radiação solar, a pressão atmosférica, a umidade relativa do ar e a
direção e magnitude dos ventos.
Segundo Fernanda Sampaio, pesquisadora e coordenadora do projeto
na Embrapa Meio Ambiente, as sondas mostrarão não apenas a influência da
aquicultura no meio ambiente como também a de outras atividades produtivas na
região, como a agricultura. As sondas também prometem se transformar em uma
ferramenta de gestão para os aquicultores. “A detecção de uma corrente de ar
frio, por exemplo, pode indicar aos produtores que não será necessário dar
ração no momento aos peixes, porque com a temperatura da água mais baixa eles
deixam o alimento de lado”, explica. No projeto, o MPA está investindo recursos
da ordem de R$ 1,4 milhão e a Embrapa uma contrapartida de R$ 400 mil.
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