terça-feira, 3 de maio de 2016

Ibama e Funai desativam garimpo ilegal na terra indígena Yanomami



















Brasília (29/04/2016) – O Ibama e a Fundação Nacional do Índio (Funai)
 realizaram na última semana operação de combate à exploração ilegal de
 ouro na terra indígena Yanomami, em Roraima, que resultou na destruição
 20 balsas, 11 acampamentos e 6 motobombas. Os fiscais apreenderam um
 revólver calibre 38 com numeração raspada, uma espingarda de caça,
 munição e dois frascos de mercúrio. A ação mobilizou 35 servidores, 
incluindo agentes ambientais do Grupo Especializado de Fiscalização 
(GEF) do Ibama, técnicos da Funai e policiais de Roraima. A equipe 
utilizou 3 helicópteros e 1 avião para fiscalizar regiões de difícil acesso. 
Durante a ação, foram identificadas 15 pistas de pouso clandestinas.
O coordenador de Operações do Ibama, Roberto Cabral, disse que o 
objetivo é interromper o dano ambiental, interferindo na logística dos 
garimpeiros, com a destruição de balsas, barcos e instrumentos 
utilizados na prática ilegal.















Em março deste ano, o Ibama havia recebido estudo realizado em 19 aldeias
 da região pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, 
da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que revelou índices preocupantes 
de contaminação por mercúrio (Hg). Foram coletadas 239 amostras de 
cabelo no período de 16/11/2014 a 03/12/2014.
O mercúrio é usado por garimpeiros para separar o ouro de outras substâncias. 
Ao ser despejado na água, o metal pesado se deposita no lodo acumulado no
 fundo do rio e pode ser ingerido por peixes. Dessa maneira, a substância 
passa a fazer parte da cadeia alimentar, tornando-se um risco para a saúde
 pública. Altamente tóxico, o mercúrio pode causar danos graves e permanentes.
 Afeta o sistema nervoso central, os rins, o coração e o sistema reprodutor,
 sendo especialmente perigoso para gestantes. A Organização 
Mundial da Saúde (OMS) aponta que concentrações superiores a
 6 microgramas de mercúrio por grama de cabelo podem trazer sérias
 consequências para a saúde, especialmente no caso de grupos mais
 vulneráveis, como os índios.














Os níveis de exposição colhidos pela pesquisa apresentaram mediana de
 3,2 microgramas de mercúrio por grama de cabelo na região de Papiú e de 
5,0 microgramas em Waikás. A situação mais preocupante foi encontrada na
 aldeia de Aracaça, situada próximo à área de garimpo, onde a mediana
 verificada foi de 15,5 microgramas, com 6,8 microgramas entre crianças 
menores de 5 anos e 16,0 microgramas para mulheres em idade reprodutiva. 
Na mesma aldeia, praticamente todos os adultos avaliados apresentaram 
níveis elevados de mercúrio no cabelo e 92% dos índios examinados
 estavam contaminados. A situação melhora onde a presença dos
 garimpeiros é menor, como em Papiú, onde 6,7% das amostras analisadas
 apresentaram sinais de contaminação. Em razão dos altos índices 
de desnutrição, malária, tuberculose e parasitoses intestinais,
 os indígenas da região já possuem um sistema imunológico comprometido,
 o que potencializa a toxidade do mercúrio.
O estudo da Fiocruz foi realizado a partir de pedido do líder
 Yanomami Davi Kopenawa, com apoio do Instituto Socioambiental (ISA), 
do Laboratório de Química da PUC e da Hutukara Associação Yanomami (HAY).
 Os resultados foram apresentados à comunidade indígena e entregues
 ao Ibama em março deste ano. A terra indígena Yanomami é a maior do Brasil,
 com 9,6 milhões de hectares nos estados de Roraima e Amazonas.
O monitoramento da região será mantido pelo Ibama e as informações obtidas
 durante a operação serão usadas para responsabilizar a cadeia criminosa.
Assessoria de Comunicação do Ibama
imprensa@ibama.gov.br
(61) 3316-1015
Fotos: Banco de Imagens do Ibama

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