Setor privado passa a seguir decisão do Conama. Parte dos rejeitos já é reutilizada
LUCIENE DE ASSIS
O
crescimento acelerado dos resíduos produzidos em obras de engenharia,
especialmente nos grandes centros urbanos, foi alvo de debates e
propostas de solução no painel “A construção civil e seu papel na
Política Nacional de Resíduos Sólidos”, na manhã desta sexta-feira,
durante a 4ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, que acontece até
domingo (27/10), em Brasília. A representante da Câmara Brasileira da
Indústria da Construção (CBIC), Lilian Sarrouf, falou que, a partir de
agora, a gestão dos resíduos Do setor será feita de forma diferenciada,
tendo por base a Resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(Conama), de 2002.
Lilian Sarrouf afirmou que a medida abriu o
debate sobre a questão ambiental para o setor da construção civil.
“Agora o objetivo principal é buscar a não geração de resíduos, reduzir e
reutilizar”, disse. Entre as diretrizes estratégicas propostas pelo
setor estão a eliminação de 100% das áreas de disposição irregular até
2014, implantar aterros classe A em todos os 5.565 municípios;
reutilizar e reciclar a totalidade dos resíduos de construção; elaborar
planos de gerenciamento de resíduos e de diagnóstico quantitativo e
qualitativo de geração, coleta e destinação dos resíduos até 2015.
CONSÓRCIO
O
representante do Consórcio Público de Saneamento Básico da Bacia
Hidrográfica do Vale dos Sinos (Pró-Sinos), Maurício Prass, apresentou a
experiência dos 27 municípios que se uniram em parceria e montaram uma
usina de reciclagem para dar destinação aos resíduos da construção
civil. O debate foi enriquecido com as informações apresentadas pelo
professor da Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São
Paulo (USP), Valdir Schalch, que desenvolve trabalhos de gerenciamento
de resíduos sólidos.
Schalch disse que é preciso dar tratamento
ambientalmente adequado a esses resíduos de construção. “Estes resíduos
não são tão inertes e podem poluir o meio ambiente, como ocorre com os
rejeitos do gesso”. Seu colega e professor da Escola Politécnica da USP,
Sérgio Ângulo, lembrou que usinas de reciclagem estão surgindo em
cidades de médio e grande porte. Segundo ele, é possível implantar
estruturas semelhantes e de baixo custo para atender às necessidades das
pequenas cidades brasileiras, que somam mais de 90% dos 5.565
municípios do país.
O vice-prefeito de Belo Horizonte e
secretário municipal de Meio Ambiente, Délio Malheiros, declarou que a
capital mineira tem um programa de reciclagem e coleta de entulhos da
construção civil funcionando desde 1993. Foram construídas, na região,
três usinas de reciclagem de entulho, que retiram material em 31
unidades de recolhimento. Em 2012, foram processadas 104 mil toneladas
de resíduos, sendo que 90% do material selecionado e triturado foram
reaproveitados.
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