segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Plano de Combate à Pesca Ilegal age contra pesca irregular de piracatinga na Amazôni


Após receber denúncias de que botos são sacrificados para servir de isca na pesca do peixe piracatinga em algumas localidades na Amazônia, e da existência de riscos à saúde pública no consumo do pescado, autoridades ligadas ao Plano Nacional de Combate à Pesca Ilegal decidiram, em Brasília, desencadear uma série de operações e providências para impedir essas práticas.
 As denúncias envolvem ainda falsificação, lesão aos direitos do consumidor e trabalho infantil ou em condições análogas a escravo, de acordo com Mutsuo Asano Filho, diretor do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) e coordenador do plano nacional.
Tendo em vista a gravidade dos relatos, as autoridades do Plano Nacional de Combate à Pesca Ilegal – que conta com representantes dos ministérios e órgãos da Pesca e Aquicultura, Meio Ambiente, Justiça, Agricultura e Defesa -  decidiram reforçar a  fiscalização e promover uma moratória de seis meses no transporte e na comercialização da piracatinga, exceto quando proveniente da aquicultura.  Uma medida conjunta do MPA e MMA, com tal finalidade, será publicada em breve. O prazo servirá  para avaliar a amplitude do problema, as práticas envolvidas e as melhores estratégias de combate às irregularidades.
Peixe necrófago
De porte médio – alcança até 45 centímetros – a piracatinga (Calophysus macropterus) é encontrada, sobretudo, na bacia Solimões/Amazonas. Espécie oportunista, ingere alimentos de origem animal e vegetal, inclusive carcaça de animais mortos, sendo por isso conhecida pelos ribeirinhos por “urubu d’água”.
Embora seja considerada um alimento pouco nobre na região Norte, a espécie, conforme as denúncias, vem sendo processada em frigoríficos para venda de filés em feiras e supermercados com os nomes sugestivos de “douradinha” ou “piratinga”, o que leva o consumidor a incorrer em erro.
A sanidade desse pescado está sendo questionada, já que pode conter substâncias químicas prejudiciais à saúde pública. A venda do peixe para outros estados – como São Paulo e Rio Grande do Sul – pode estar sendo feita sem inspeção federal e falsificada como pescados mais nobres, a exemplo da piramutaba (Brachyplatystoma vaillanti) e da dourada (B. flavicans). Outra denúncia é de que a piracatinga, da família dos bagues, vem sendo exportada ilegalmente para a Colômbia, onde tem aceitação de mercado.
A matança de boto-cinza e principalmente de boto-cor-de-rosa – que vive exclusivamente nos rios da bacia Amazônica e do Orinoco – seria devido à sua carne em decomposição ser atrativa para o peixe. A captura de boto é considerada um grave crime ambiental. Também está sendo investigada a utilização de carne de jacaré para a mesma finalidade.
Já o trabalho infantil ou escravo pode estar ocorrendo não apenas nas atividades de pesca como na de beneficiamento do pescado.

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