quarta-feira, 4 de março de 2015

Cooperação Brasil-Alemanha traz ao país casal de ararinhas-azuis

















Por Luciene de Assis – Editor: Marco Moreira

Em comemoração ao Dia Mundial da Vida Selvagem, 3 de março,
 chegou ao Brasil um casal de ararinhas-azuis (Cyanopsitta spixii)
 nascidas em Berlim, Alemanha. A iniciativa se insere no âmbito
 do Projeto Ararinha na Natureza e faz parte da parceria entre o
 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio),
 vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, e a Agência Federal Alemã
 de Conservação da Natureza (Bundesamtfür Naturschutz, BfN).

As duas instituições trabalham em parceria há mais de dez anos no
 Programa de Cativeiro da espécie. O casal Carla e Tiago é filho de
 uma fêmea de propriedade do governo brasileiro, chamada Bonita,
 levada para a Alemanha em 2013 para formar par com o macho
 Ferdinando na ONG alemã Associação para Conservação de
 Papagaios em Extinção (ACTP).

ESFORÇO COMUM

Sobre a chegada das aves, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira,
 ressaltou o esforço conjunto, empreendido pelos governos brasileiro
 e alemão, para concretizar o retorno dos animais, visando formar um
 plantel mínimo para reintroduzi-los na natureza dentro de sete anos.
 “A ararinha-azul é um dos símbolos do Brasil e este é um desafio importante,
 que combina resultados e conservação da biodiversidade.
 E a biodiversidade agradece”, disse a ministra,
que recebeu do embaixador alemão, Dirk Brengelmenn,
 o certificado de transferência de propriedade do macho, Tiago.

O presidente do ICMBio, Roberto Vizentin, contou que o órgão está
 criando uma Unidade de Conservação na região de Curaçá para
 abrigar as ararinhas-azuis. “Este é um ato histórico e envolve
 várias ações práticas com as populações locais, que serão beneficiadas
 pelo programa Bolsa Verde, além de receberem educação ambiental
 para aprenderem a lidar com esta nova situação”, explicou Vizentin.

Para o coordenador geral de Manejo para Conservação de Espécies
 do ICMBio, Ugo Vercillo, a ararinha-azul é uma ave diferente e rara.
 “Por isso é mais cobiçada pelo tráfico, principal fator que ocasionou seu
 desaparecimento da natureza”, ressaltou. Pedro Develey, da Save Brasil,
 disse que os moradores da região aguardam com interesse e expectativa
 o retorno dos animais à Caatinga: “Eles querem ser os guardiões
 das ararinhas-azuis”.

VOO LIVRE

De acordo com a chefe da Autoridade Administrativa Alemã da Convenção
 sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens
 em Perigo de Extinção (Cites), Irina Sprotte, as duas aves, criadas em
 cativeiro na Alemanha e entregues hoje ao governo brasileiro, ajudarão
 a aumentar sua população no Brasil. “Esperamos que, daqui a alguns anos,
 a ararinha-azul retorne à vida selvagem”. Explicou. “Este é um programa
 de recuperação ambicioso e bem-sucedido, que só é possível graças à
 confiança e à colaboração internacionais, fato que tornou a recuperação
 desta ararinha uma realidade”.

Para o presidente do conselho diretor da ONG alemã Associação para
 Conservação de Papagaios em Extinção (ACTP), Jürgen Dienst,
 neste Dia Mundial da Vida Selvagem de 2015, trazer os dois exemplares
 da espécie para seu país de origem “é a realização de um sonho que,
 para mim, começou em 2006, com muitas preocupações e desafios”.
 Ele disse que espera ver “esses pequenos pássaros azuis” voando, 
livres, por seu habitat natural, a Caatinga. “Será uma ocasião maravilhosa”,
 confessou.

QUARENTENA

Depois que desembarcar no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, 
na manhã desta terça-feira (03/03), as aves serão transportadas até
 o quarentenário oficial do Ministério da Agricultura,
 Pecuária e Abastecimento (Mapa) na cidade de Cananéia
 (a 224 km de São Paulo), onde permanecerão em observação por 15 dias.
 O próximo destino de Carla e Tiago será o Nest
 (sigla para New Ecological Scientific Treatment),
 um criadouro científico da fauna silvestre para fins de conservação,
 localizado no interior de São Paulo.

A espécie, que pode viver de 30 a 40 anos, é considerada extinta
 na natureza desde o ano 2000 e, atualmente, existem apenas 90
 animais em criadouros do Brasil, Alemanha e Catar, sendo 11 deles
 no mantenedor do interior paulista.

Essas aves só começam a se reproduzir após o quarto ano de vida,
 quando entram na fase adulta. A taxa de crescimento populacional,
 atualmente, é de apenas 5% ao ano, ou seja, aproximadamente cinco
 animais nascem a cada 12 meses. Com a definição dos pares ideais,
 os especialistas esperam que as ararinhas se reproduzam de maneira
 satisfatória para começar as reintroduções na natureza em 2021.
 “Para que isto aconteça, esperamos ter, pelo menos, 150 aves no
 plantel reprodutivo e 50% desses animais do Programa de Cativeiro no
 Brasil até 2017”, contou a veterinária do Centro Nacional de Pesquisa
 e Conservação de Aves Silvestres (Cemave), instituição ligada ao ICMBio,
 Camile Lugarini.

TONS DE AZUL

Boa parte das ações previstas no Plano de Ação Nacional (PAN) para a
 Conservação da ararinha-azul é executada por meio do Projeto Ararinha
 na Natureza, uma parceria entre o ICMBio e o setor privado, com o objetivo
 de recuperar esta espécie na natureza, colocando-a de volta na Caatinga baiana.
 A Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (Save Brasil) é a principal
 executora do Projeto, financiado pela Vale.
O PAN Ararinha-azul, aprovado pela Portaria 17/2012, visa aumentar
a população criada em cativeiro, além de promover sua recuperação e a
 conservação do hábitat de ocorrência histórica da espécie, até 2017,
 para favorecer a reintrodução até 2021.
A ararinha azul (Cyanopsitta spixii) tem coloração em tons de azul,
 mede de 55 a 57 cm, pesa entre 296 e 400 g. Seu habitat é a mata 
de galeria da Caatinga, na área do município de Curaçá, norte da Bahia.
 Alimenta-se de sementes e frutos, e usa o bico para escalar e subir em galhos.
 A espécie pertence à família dos psitacídeos, que têm patas com dois dedos
 virados para frente e dois para trás.
SAIBA MAIS
Projeto Ararinha na Natureza

O esforço para implantar as ações do Plano de Ação Nacional para
 Conservação dessas ararinhas conta com o apoio da Vale, Funbio
 e Save Brasil. Seu escopo envolve políticas públicas, pesquisa
 científica e educação ambiental voltadas para conservar a Caatinga,
 habitat da ararinha. Mais do que isso, pretende-se proteger uma área
 importante para a conservação da biodiversidade no bioma, utilizando-se
 a ararinha-azul como espécie bandeira. Para a comunidade de Curaçá,
 a vida dessa pequena ave é análoga à do sertanejo na luta para
sobreviver num dos locais mais secos do país. E a volta da espécie
 à região trará muitos benefícios diretos e indiretos para a comunidade.

Dia Mundial da Vida Selvagem

A data foi criada em dezembro de 2013 pela Convenção sobre o Comércio
 Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção
 (CITES), da Organização das Nações Unidas (ONU). A celebração tem,
 entre seus objetivos, promover a cooperação entre países para preservar
 as espécies. Por isso a chegada das ararinhas azuis ao Brasil, neste dia,
 é bastante simbólica e está de acordo com as diretrizes da Convenção.
 O documento destaca, ainda, as contribuições da fauna e da flora para
 o desenvolvimento sustentável e o bem-estar da humanidade,
 citando os aspectos ecológicos, genético, social, econômico, científico,
 educacional e cultural.

Assessoria de Comunicação (Ascom/MMA) - (61)2028-7130/ 7155

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