terça-feira, 15 de setembro de 2015

Cerrado terá R$ 60 milhões para pesquisa




Recursos permitirão a coleta informações
 sobre a importância do bioma para a população
 e para o combate às mudanças climáticas

Por: Marta Moraes – Editor: Marco Moreira

O Cerrado, segundo maior bioma do Brasil, recebeu,
 no dia 10 de setembro, a doação de R$ 60 milhões
 (US$ 16,45 milhões), para o levantamento e a divulgação de 
informações sobre seus recursos florestais. A contribuição integra
 o Programa de Investimento Florestal
 (FIP, do inglês Forest Investment Program),
 vinculado ao Fundo de Investimentos Climáticos
 (CIF, do inglês Climate Investment Funds) e o Banco
 Interamericano de Desenvolvimento (BID) será a instituição
 responsável pelo gerenciamento e execução dos desembolsos.
O projeto, denominado “Informações Florestais para uma Gestão
 Orientada à Conservação e Valorização dos Recursos
 Florestais do Cerrado pelos Setores Público e Privado”, 
será executado pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB),
 órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) 
e prevê a realização do Inventário Florestal Nacional (IFN) 
nos 11 Estados que compõem o bioma e a consolidação do Sistema
 Nacional de Informações Florestais (SNIF), uma plataforma,
 voltada à gestão e disseminação de informações sobre os
 recursos florestais do país.

ESTIMATIVA
Ao final do projeto, que tem duração de 48 meses, a sociedade
 terá em mãos estimativas detalhadas quanto à área de
 cobertura florestal e aos diferentes usos da terra; fragmentação,
 saúde e vitalidade das florestas; diversidade e abundância
 de espécies florestais; árvores fora da floresta; estimativas
 dos estoques florestais (volume e biomassa) e estoques de
 carbono acima e abaixo do solo; características do solo sob
 as florestas; manejo de florestas; e ainda dados socioambientais,
 tais como usos de produtos e serviços da floresta pela
 população local, além da percepção das comunidades
 quanto à importância das florestas do bioma Cerrado.
O IFN é uma iniciativa do Serviço Florestal Brasileiro, 
prevista no Artigo 71 do novo Código Florestal
 (Lei nº 12.651/2012), para levantar informações sobre 
os recursos florestais do país de forma sistematizada e periódica.
 Tem como objetivo produzir dados sobre a qualidade e o estado
 das florestas e dos recursos florestais do país, para fundamentar
 a formulação, implantação e execução de políticas públicas
 de desenvolvimento, uso, recuperação e conservação desses recursos.
  Os dados são baseados na coleta de dados em campo,
 em cerca de 15.000 pontos espalhados de maneira sistemática
 em todo o território nacional.
No início, os inventários visavam principalmente o monitoramento
 de estoques de madeira. Mas, a partir da Conferência das
 Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento
 (Rio 92) e do desenvolvimento de novas tecnologias, 
os inventários florestais nacionais têm ampliado o seu escopo,
 valorizando a produção de informação sobre outros temas.
 Dentre os assuntos de maior interesse atualmente estão os
 estoques de biomassa e carbono, a biodiversidade,
 a saúde e a vitalidade das florestas, o manejo florestal e a
 importância social que as florestas desempenham nos dias de hoje.
DISPONIBILIDADE
A realização do Inventário Florestal Nacional tem sido
 feita por bioma ou Estado, conforme a disponibilidade
 de recursos financeiros e envolvimento dos Estados. 
Uma área correspondente a 102 milhões de hectares
 já foi inventariada. Em cinco Estados e mais o 
Distrito Federal já foram concluídos os levantamentos 
de dados em campo (DF, CE, RN, SE, ES, SC).
Além do projeto FIP-Cerrado, encontram-se em
 andamento mais dois projetos com o mesmo intuito:
 “Fortalecimento do Marco Nacional de Conhecimento
 e Informação para Subsidiar Políticas de Manejo
 Sustentável dos Recursos Florestais”
 (com o Global Environment Fund - GEF 
– Food and Agriculture Organization - FAO)
 e o “Inventário Florestal Nacional no Bioma 
Amazônia” (com o Fundo Amazônia –
 Banco Nacional de Desenvolvimento Social -BNDES).
O FIP-CERRADO
Cerca de 5 mil pontos serão visitados para a coleta 
de dados no bioma Cerrado. Segundo a gerente de 
Informações Florestais do SFB, Claudia Rosa, 
o FIP-Cerrado promoverá melhorias na gestão do
 bioma e contribuirá para a redução das emissões de gases
 do efeito estufa, a partir da proteção dos estoques de 
florestas e da promoção do manejo sustentável.
 “O Brasil não dispõe de informações adequadas 
sobre seus recursos florestais e essas informações
são fundamentais para se estabelecer políticas públicas,
 de conservação e uso dos recursos”, enfatizou.
Claudia destacou que, a partir do projeto, 
os tomadores de decisão e a sociedade como um todo
 terão informações detalhadas sobre os recursos do 
Cerrado e sobre como eles estão sendo usados pela população.
“As informações geradas irão contribuir, entre outras coisas,
 para a promoção de programas sustentáveis voltados à
 mitigação de emissões de gases de efeito estufa” explicou.
SOBRE O BIOMA
Segundo dados do MMA, do ponto de vista da diversidade biológica,
 o Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo,
 abrigando 11.627 espécies de plantas nativas já catalogadas.
 O bioma é lar de 5% de todas as espécies do mundo e comprime
 30% da biodiversidade brasileira. Além dos aspectos ambientais,
 tem grande importância social.
Muitas populações sobrevivem de seus recursos naturais,
 incluindo etnias indígenas, quilombolas, geraizeiros,
 ribeirinhos, babaçueiras, vazanteiros e comunidades 
quilombolas que, juntas, fazem parte do patrimônio
 histórico e cultural brasileiro,
 e detêm um conhecimento tradicional de sua biodiversidade.
No entanto, a expansão da fronteira agrícola e a exploração
 predatória do material lenhoso para produção de carvão,
 nas três últimas décadas, causam uma progressiva e
 excepcional perda de habitat natural. Essa contínua
 degradação torna o bioma ainda mais vulnerável aos efeitos
 do aquecimento global. Em razão de sua extensão e
 da elevada quantidade de carbono fixado tanto em
 sua biomassa quanto no solo, o Cerrado apresenta
 papel fundamental na mitigação dos efeitos das
 mudanças climáticas decorrentes.

Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA) – (61) 2028.1173

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