quarta-feira, 7 de setembro de 2022

A riqueza da uva baiana


A uva é o fruto da videira, uma planta da família das Vitaceae. É muito utilizada para produzir sumo, doce, vinho e passas, mas também bastante consumida ao natural. 

Apesar do solo árido e clima seco com precipitação anual de cerca de 400 mm, o sertão baiano e pernambucano tornou-se uma das maiores regiões produtoras de vinho do país. A região rodeada de caatinga começou a receber turistas interessados ​​em saber mais sobre a produção da bebida que transformou a cor do sertão para um tom mais próximo da cor das uvas graças à irrigação controlada pela captação da água de um dos mais importantes rios brasileiros, o São Francisco, nosso Antigo Velho Chico. A área por onde passa a rota do vinho é o vale do São Francisco, localizado na divisa entre os estados da Bahia e Pernambuco, próximo a cidade de Juazeiro.

A região produz 15% dos vinhos vendidos no Brasil, a segunda maior produção de vinhos finos. Uma das vantagens é que, como aqui não temos uma estação definida, a vinícola não está sujeita a intempéries, como neve ou vento. Por causa disso, o Vale do São Francisco é o único lugar no mundo que produz 2 safras e meia por ano.

Outra coisa que garante uma produção tão intensiva é que as áreas de produção das uvas recebem mais de três mil horas de sol por ano. Por causa disso, o vinho aqui é mais doce do que em outros lugares. Mas isso não é nada ruim, muito pelo contrário. As bebidas produzidas aqui são algumas das melhores do mundo. Isso entre mais de meio milhão de hectares de vinhedos entre os municípios de Petrolina, Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista (PE) e Casa Nova (BA). É importante lembrar que as fazendas não são exatamente sediadas, por isso é importante ter um carro (ou alugar um ou pegar um táxi) para chegar até elas.

No Vale do São Francisco, norte da Bahia, a demanda por vinhos e espumantes aumentou cerca de 15% durante as festividades de fim de ano, segundo a Valexport, Associação dos Produtores e Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco. A região é a maior produtora de uvas de mesa da Bahia e já tem uma safra sólida. Mas o estado está ganhando uma nova fronteira vinícola: a Chapada Diamantina.

Não faz muito tempo o cultivo produtivo de uvas era considerado viável apenas em regiões muito frias do hemisfério sul, como Chile, África do Sul e Austrália, ou em países de clima temperado do hemisfério norte, como França, Itália, Espanha e Portugal, tradicionais produtores. No entanto, as uvas vêm se adaptando com sucesso nestas duas regiões da Bahia que possuem condições climáticas bem diferentes do comum: O Vale do Submédio São Francisco e a Chapada Diamantina.


No Vale do São Francisco, a produção de uvas e vinhos foi instalada nos municípios de Juazeiro, Casa Nova, Sobradinho e Curaçá, em pleno sertão. Nesta área da Bahia, os vinhos são produzidos a 350 metros de altitude, em temperaturas mais quentes, em clima tropical semiárido.


Já na Chapada Diamantina, a produção vem se consolidando nos municípios de Mucugê e Morro do Chapéu, áreas do chamado clima tropical de altitude. Nestes municípios, a altitude é igual ou superior a 1.000 metros acima do nível do mar, e a temperatura é amena, mais fria.


As vantagens da produção de uva baiana não param por aí, segundo pesquisadores, o Vale do São Francisco, está localizado entre os paralelos 8 e 9 do Hemisfério Sul, onde não há inverno rigoroso, as datas das podas e colheita dependem da escolha do produtor e de demandas do mercado. Ao contrário de algumas regiões tradicionais do Hemisfério Norte, onde a colheita deve ser feita obrigatoriamente entre agosto e outubro, ou das áreas de cultivo tradicional como o Rio Grande do Sul, onde a colheita não pode deixar de ser realizada entre dezembro e março. No Norte da Bahia, uma planta de videira pode ser podada duas vezes e é capaz de produzir duas safras no ano, em períodos escalonados, fazendo com que seja possível colher uvas e elaborar vinhos praticamente o ano todo.


O Vale do São Francisco (compreendido entre os estados da Bahia e Pernambuco), é produzido um milhão de toneladas de frutas em média por ano. O faturamento registrado anualmente fica em torno de R$ 2 bilhões somente com a produção de manga e uva, sendo que, deste valor, R$ 440 milhões são relativos aos frutos destinados à exportação. A cidade baiana de Juazeiro concentra boa parte dos produtores de frutas frescas entre os municípios que integram o chamado Submédio São Francisco, responsável pela produção de manga e uva que são exportadas, especialmente, para o mercado europeu e americano.

Quando o assunto é geração de empregos, os números não são modestos, na fruticultura do Submédio São Francisco são gerados 250 mil empregos diretos e outros 950 mil indiretos. Ainda conforme informações da Associação dos Produtores e Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco (Valexport), nessa área atuam três mil produtores que exportaram mais de 49 mil toneladas de uvas em 2020. Esse contexto explica porque a Bahia ocupa o 2º lugar na produção de frutas frescas produzidas no país, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2020. Sendo responsável por mais de 30% das frutas do país.      





Matéria da Nova Revista Edição 41

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