quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Manejo florestal melhora vida de mil famílias no semiárido do Nordeste
























Por: Pauleinir Constâncio – Edição: Marco Moreira

O manejo florestal representa renda adicional que está

 mudando a vida
 de mil famílias no semiárido nordestino e reduzindo
a pressão do 
desmatamento sobre os processos de desertificação. 
 Na Serra do Araripe,
 região entre os estados do Ceará, Pernambuco e Paraíba,
 em pouco menos
 de três anos pequenos produtores rurais e assentados do
 Instituto
 Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) viram 
sua renda familiar
 mais que dobrar com a venda de lenha sustentável para
 as indústrias
 de cerâmica e gesso.
É o que conta Antônio Esmero do Nascimento, 54 anos,
 pai de 14 filhos radicado na Fazenda Barra Grande,
 uma gleba de 8 mil hectares, dos quais 2 mil estão em
 regime
 de manejo por 20 anos. Natural de Jardim, no sertão
 pernambucano,
 ele migrou para o assentamento em Jati, no Ceará,
 para trabalhar
 no Plano de Manejo Florestal Comunitário
 Sustentável da Caatinga.
OVELHAS

Antônio, que sempre viveu do trabalho na roça,
 diz que a nova fonte de renda já permitiu com que
 comprasse
 quatro cabeças de gado. “Agora posso tirar um leite
 para dar a uma criança”, conta com alegria. Ele está 
começando
 também uma criação de ovelhas “devagarinho”. Por dia,
 chega a cortar até 3 m3 de lenha, bem acima da média per
 capita local.
 “E com a orientação do jeito certo de cortar,
 pode ver que o mato
 já tem mais de um metro em menos de oito meses”,
 explica.
Dos filhos de Antônio, os três mais velhos migraram

 para São Paulo,
 mas os pequenos vivem com o ele.
 “Antes a gente acordava os meninos 
para trabalharem na roça – era assim no tempo
 do meu pai
 – mai hoje é para ir à escola”, diz o agricultor que é
 beneficiário
 de outros programas do Governo Federal e tem ônibus
 escolar
 na porta para percorrer os 20 Km entre o assentamento
 e a sala de aula.
  Ele relata que “trabalhava na meia”
 nas terras dos outros e o que
 “tirava” era só para a subsistência. Agora,
 explica, sempre sobra um
 pouco com a renda da lenha. Não revela quanto é,
 mas abre o sorriso 
quando fala do assunto.
VINTE ANOS
Em Baixa Grande a área de manejo florestal foi

 dividida em 19 pedaços
 a serem cortados anualmente. O primeiro foi concluído
 e deu mais lenha 
que a absorvida pelo mercado. Só volta a ser cortado
 daqui a 20 anos. 
A regeneração esperada é de 100%. O diretor do
 Departamento de
 Combate à Desertificação, Francisco Campello,
 afirma existirem estudos que apontam até para o
 enriquecimento da biodiversidade, já que espécies
 quase extintas na área manejada reaparecem.
Mas os assentados na Serra do Araripe ainda enfrentam

 problemas
 para colocar o produto no mercado. Pela legislação,
 só podem vender
 para comprador legalizado, trabalhando dentro
 da proposta de
 sustentabilidade estabelecida em
 licenciamento ambiental. 
Caso não retire toda a lenha anualmente,
 para explorar todo o restante
 da área precisam nova licença dos órgãos ambientais.
O manejo florestal comunitário é parte da estratégia do
 Ministério do Meio Ambiente para o 
combate à desertificação
 e convivência com a semiaridez.
 Os programas têm como
 foco a promoção do desenvolvimento
 com sustentabilidade
 e conservação da paisagem da Caatinga. 
As ações previstas promovem a geração de
 renda e inclusão social,
 seguranças hídrica, energética e 
alimentar dos rebanhos,
 conservando a biodiversidade.

Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA) -
 Telefone: 61.2028 1227

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