sábado, 29 de agosto de 2015

ICMBIO DEBATE CRIMES AMBIENTAIS EM GURUPI


Governo federal e do Maranhão se reúnem com gestores e conselheiros
© Todos os direitos reservados. Foto:  João Freire
João Freire
ascomchicomendes@icmbio.gov.br
Açailândia, MA (28/08/2015) – Nesta sexta-feira, 
o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) 
promoveu uma reunião para avaliar a situação dos conflitos agrários
 e crimes ambientais na Reserva Biológica do Gurupi (MA)
Unidade de Conservação federal administrada pelo ICMBio.
Na terça-feira passada (25), dois conselheiros comunitários da
 Reserva Biológica do Gurupi foram vítimas de um ataque criminoso, 
na cidade de Bom Jardim, distante 275km de São Luis. 
Atingido por tiros e facadas, Raimundo dos Santos Rodrigues faleceu. 
A esposa dele, Maria Da Conceição Chaves, está internada sob proteção policial,
em Açailândia. A conselheira já prestou depoimento para a Polícia Federal,
 responsável pela investigação do atentado.
De acordo com a PF, o crime pode ter sido uma retaliação às ações recentes 
de fiscalização, realizadas pelo ICMBio, na Reserva. Na operação, iniciada em
 13 de agosto, dois infratores foram presos e equipamentos dos madeireiros 
foram apreendidos.
© Todos os direitos reservados. Foto:  João Freire

















"Estamos aqui no Maranhão para apoiar os conselheiros e gestores da
 Reserva Biológica do Gurupi e para promover uma articulação
 com a Polícia Federal, governo do Maranhão, Polícia Militar (MA)
 e a sociedade civil para enfrentar os problemas", 
afirma o presidente do ICMBIo, Claudio Maretti. 
"Não vamos recuar nas ações de combate aos crimes ambientais
 e não podemos aceitar que os conselheiros e servidores da UC 
continuem sendo ameaçados e atacados", adverte Maretti.
O encontro em Açailândia (MA), reuniu representantes da
 Polícia Federal (PF), governo do estado do Maranhão, 
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MA), 
movimentos sociais, agentes de fiscalização,
 conselheiros e gestores de Unidades de Conservação e da 
Coordenação Regional (CR-4) do ICMBio.
Crime organizado
As quadrilhas de madeireiros atuam na região, desde antes da 
criação da Reserva Biológica do Gurupi, em 1988. São organizações
 bem estruturadas, com grande poder econômico e ramificações em 
estados vizinhos. "Eles extraem ilegalmente cerca de 500 metros cúbicos
 de madeira, por dia, da Reserva e de terras indígenas vizinhas", 
estima o chefe da Reserva Biológica do Gurupi, Evane Lisboa.
A madeira alimenta as mais de 20 serrarias de Buriticupu (MA), 
todas operando de forma ilegal. O produto destas serrarias é v
endido com documentação falsificada para empresas no Brasil e no exterior.
Os madeireiros recorrem à violência e a ameaça, rotineiramente, 
para intimidar os moradores da região e evitar denúncias contra
 as práticas ilegais. Nas Reservas Biológicas, não é permitido 
desenvolver atividades econômicas, como agricultura e extração
 de madeira. A atuação das quadrilhas está causando sérios 
danos ambientais e colocando espécies em perigo, 
como a onça-pintada, ameaçada de extinção.
Os representantes da sociedade manifestaram apreensão
 com o aumento da tensão na região. "Outros conselheiros
 também foram ameaçados. É preciso traçar uma estratégia 
que não atenda apenas momentaneamente a situação. Senão,
 vamos perder mais pessoas", adverte a representante do 
Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Açailândia,
 Ivanete Sousa.
"A situação da região não será revertida em um ano. 
Não vamos mais fazer ações pontuais que não 
solucionam o problema", explica o superintendente
 da PF no Maranhão, Alexandre Saraiva.
"Estamos trabalhando para desarticular a organização
 criminosa que conta até com servidores de órgãos ambientais. 
Inclusive, vários destes agentes corruptos foram presos na operação
 "A ferro e fogo 1 e 2", recentemente", conclui Saraiva.
"Quero que os conselheiros saibam que podem contar com a
 Polícia Militar Ambiental, apesar dos poucos recursos que temos. 
Estes crimes afetam todos nós, afetam o mundo.
 A resposta vai ser dada a altura" promete o sub-tenente Morgado, 
da Polícia Ambiental do Maranhão.
Encaminhamentos
Para avançar nas ações de combate aos crimes ambientais, 
uma nova reunião entre o ICMBio, o governo do Maranhão e a
 Polícia Federal deverá acontecer, nos próximos dias. 
"Vamos intensificar as ações de fiscalização na região",
 planeja o presidente Maretti.
"A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República 
já foi informada sobre a situação e começamos os entendimentos
 com a Polícia Federal e Polícia Militar do Maranhão, 
visando uma estratégia mais duradora", complementa Maretti.
 "A médio prazo, esperamos avançar também na regularização fundiária 
– com o estado e a União – para ter uma situação mais tranquila na região",
 conclui.

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